Preparando nossos filhos para o futuro

Autor(a): Wagner Patrus
Fundação Logosófica – Filial Flamboyant, Goiânia

Quando eu tinha doze anos, minha mãe costumava me deixar na porta do supermercado, com uma lista de compras e uma folha de cheque assinada. Ela geria um estabelecimento comercial em Belo Horizonte, trabalhava muito, e nem sempre dispunha de tempo para fazer as compras do mês. Eu, portanto, ficava responsável por essa tarefa. Recordo-me do cuidado com que preenchia o cheque, para não errar o valor, e de ligar do orelhão para que viesse me buscar quando a missão estava concluída.

Essa atividade simples, trivial, representava para mim, naquela época, uma grande responsabilidade. Quantas vezes passei pela sessão dos chocolates e biscoitos e tive que segurar o pensamento de comprar. Refletia: “aqueles itens não cabiam nas condições da nossa família...” E assim ocorreram muitas situações semelhantes nas quais, desde criança, meus pais estimularam em mim o pensamento da responsabilidade e da iniciativa.

Hoje sou pai e empresário. Tenho duas filhas jovens e, na minha empresa, emprego cerca de 180 funcionários sendo a maioria com menos de 28 anos.  Muitas vezes senti falta de conhecimentos que me ajudariam a colaborar com o preparo deles para o futuro. Não me faltam, claro, amor, afeto, vontade de acertar. Mas, e os conhecimentos necessários para a formação do caráter do jovem? Diante de um mundo em que sobra informação e falta conhecimento, eu tenho me perguntado: Educar nos tempos atuais está mais difícil do que na época dos meus pais?

A Humanidade avançou em vários aspectos nas últimas décadas. Testemunhamos verdadeiras maravilhas na tecnologia, na comunicação, na mobilidade, na saúde, etc. Mas será que um efeito colateral dessa busca desenfreada pelo conforto estaria provocando desequilíbrios na vida do ser humano? Se penso em minha vida familiar, e na vida familiar das pessoas que conheço, me questiono: será que estaríamos oferecendo em excesso determinadas facilidades e comodidades?

São questões dessa natureza que a Logosofia tem me ajudado a responder. Por meio dela, compreendi que a arte de educar é uma das prerrogativas mais importantes da condição humana. Mais do que isso, é uma bela oportunidade para a minha própria evolução como ser humano. E o mundo anda precisando de que nós, pais, empresários, profissionais, adultos responsáveis, encampemos essa oportunidade. Observo todos os dias, jovens despreparados para enfrentar os desafios que a vida oferece. Por isso considero tão imprescindível o acesso a um tipo de conhecimento que propiciem a formação moral e espiritual do jovem desde a sua infância.

A Logosofia ensina que a formação bio-psico-espiritual do ser humano deve começar na infância, uma vez que o ser é uma sucessão de seres e aquilo que aprendemos cedo se desenvolve durante toda a vida. Portanto, o quanto antes iniciarmos o preparo de nossos jovens, o quanto antes lançarmos boas sementes, e cultivarmos seu campo mental, maiores serão as probabilidades de bons frutos no futuro.

Talvez as circunstâncias atuais sejam diferentes daquelas nas quais eu cresci. O mundo é outro e não posso repetir o modo de educação com que meus pais me formaram. Mas, por meio da pedagogia logosófica, tenho aprendido que é possível, em qualquer contexto, oferecer conhecimentos formativos que preparem crianças, adolescentes e jovens para uma vida mais feliz. Conhecimentos que contribuam para formar seres livres, preservando a mente infantil do mal e gerando estímulos sadios e nobres. Devemos isso aos nossos jovens.