Aluno do 8º Ano ganha o primeiro lugar estadual no Concurso Internacional de Cartas

Unidade: Brasília | 19 May 2021

Em março, nossos adolescentes participaram do Concurso de Cartas promovido, em nosso país, pelos Correios. A iniciativa recebe inscrições de escolas públicas e particulares de todo o Brasil e do mundo.

O tema deste ano foi: “Escreva uma carta a um familiar, contando sobre sua experiência da Covid-19”. Como parte do regulamento, os alunos tinham que redigir, de próprio punho, até 800 palavras. E elas não podiam revelar informações pessoais dos alunos, como a cidade ou o país onde moram ou seu nome.

A docente de Português, Raquel Araújo, foi a mediadora do Concurso em nossa escola. Ela estimulou os adolescentes a observar a si mesmos e a relatar os aprendizados que têm retirado de toda a experiência vivida com a pandemia. Os alunos aguçaram a faculdade de observar e a sensibilidade para colherem os elementos que colocariam em seus textos.

E foi com muita alegria que recebemos a notícia de que nosso aluno Gabriel Araújo Franco, do 8º Ano, conquistou o primeiro lugar da fase estadual.

Gabriel endereçou a carta para sua irmã, que completou um aninho de vida em meio à pandemia. Abaixo, seguem suas palavras:

Vitória da Ciência, mais um dia de péssimas estatísticas e de muitas esperanças em 2021.

Minha pequena grande irmã,

É muito difícil falar, escrever, pensar e entender sobre uma pandemia que repentinamente assolou o mundo. Apesar da circunstância não ter sido a mais adequada, aprendemos como nunca antes.

Tivemos que nos adequar a mudanças drásticas, contamos com situações adversas e muitas vezes cogitávamos em desistir. É assombroso perceber como um vírus pode ter modificado toda a humanidade, causando mortes, ocasionando desespero, motivando suicídios e degradando corações.

Meu ambiente familiar mudou, minha vida social transformou-se. Diversos pensamentos vinham a mente: a inquietação de não poder sair de casa, não ter contato com os amigos e ter que fazer tudo através de uma telinha, causava ainda mais melancolia.

 Apesar de tantas emoções negativas, vinha-me através de conforto sensações de gratidão, por não ter perdido nenhum ente querido, nenhum grande amigo. Aprendi a conviver de uma forma melhor e por fim, aprendi a superar as dificuldades.

Pesquisas, números e letras vão tentar explicar, porém respostas não vão encontrar, pois isso está além da nossa compreensão. Mas você deve estar se perguntando, o que é impossível compreender? E eu te respondo com uma simples palavra: tudo. Toda a tristeza de quem perdeu quem amava, todo o medo de quem ficou à beira do abismo, todos os sentimentos de cada um: o que sentiam, o que eu sinto...

E afirmo com completa certeza: todo o amor e toda a união que nos envolveu, toda a humanidade lutando pela mesma situação, todas as emoções se embaraçando em um mesmo quebra-cabeças, todas as derrotas por uma mesma partida...

Em meio a tantos obstáculos tive alguém para me ajudar, você.

Foi uma guerreira desde pequena, nasceu durante umas das maiores pandemias da história, não podíamos sequer sair de casa. Seu sorriso inocente, seus pequenos aprendizados, suas risadas, me fizeram voltar a pensar como um bebê. A pensar que desde a minha primeira conquista até a última tenho me superado, que o amor é maior do que qualquer outro sentimento.

Você ainda não tem a capacidade de ler, mas quando esse momento chegar, saberá que desde pequena foi grande.  Espero que nesta época todo esse caos tenha cessado.

Diante de tantos conflitos, discursos de ódio, mortes; a impressão é que o mundo não tem mais solução, mas você me fez ter mais esperança de que um dia tudo isso acabe. Foi graças a você que eu percebi que todo indivíduo pode ser bom, pois um dia ele foi assim: puro, ingênuo, inocente. Sem maldade, preconceito ou qualquer tipo de violência.                                                                                                                          

Foi frente a esse cenário que você possibilitou que eu refletisse e pudesse ‘’respirar mesmo sem fôlego’’ e dessa forma ter esperança para um futuro melhor.

Não sei se no momento em que você está lendo essa carta está ocorrendo uma pandemia pior do que a de hoje, ou se o mundo continua o mesmo ou pior, mas de algo eu sei, independente da situação, devemos manter a esperança, assim como você me ensinou, mesmo sem saber falar.

Com as mãos bem lavadas, me despeço sem abraços.

Seu querido irmão,

Vac