Melhores pais, melhores filhos

Autor(a): Marise Nancy de Alencar
Docente da Unidade Funcionários

Recentemente, ao coletar dados para uma pesquisa sobre a velha dupla escola/família, deparei-me com respostas muito interessantes. Uma delas diz respeito a como a família é vista pela escola. A resposta que mais apareceu foi que “a família sempre ajuda a escola, pois é uma outra visão do processo do aluno”. Numa outra pergunta sobre o professor, 80% das respostas foram que “o bom professor é aquele que tem uma boa convivência com sua turma e não perde a oportunidade de passar valores”.

Parto em busca de respostas e vão surgindo pistas e comprovações. Em primeiro lugar, a família, quando quer ajudar, ajuda de fato. Todos os professores já tiveram na história de sua profissão um caso parecido com este: “Joãozinho, que não aprendia bem, era desinteressado e, por isso mesmo, ficava sempre para trás, tirava notas não muito animadoras e blá... blá... blá... blá... Aí, a família do Joãozinho é chamada à escola. Descobre-se que aquele grupo familiar vive alguma situação que desencadeia parte do processo de dificuldade do Joãozinho. Algumas conversas, sugestões trocadas, ações realizadas e... voalá, o Joãozinho tem um melhora muito significativa!” Quando a família se dispõe a colaborar, levando para a escola fatos novos e importantes, detalhes são acrescidos à história do aluno. Detalhes que podem fazer toda diferença.

Por que começo este artigo citando estes resultados? Simples. Como educadora, venho percebendo que, ao longo dos últimos 15 anos, muito do sucesso dos estudantes, sejam eles de escolas públicas ou privadas, tem relação direta com a assistência que recebem de suas famílias. Mas algumas perguntas insistem em ecoar em minha mente. O que será mesmo que essas famílias têm feito e que favorecem o desenvolvimento dos filhos?

Outro ponto importante é o papel que os pais desempenham nos valores que ensinam aos seus filhos. Ensinar valores é tarefa de quem já os tem, e é justamente nesse ponto que as coisas começam a ficar mais complicadas. Muitos são os pais que se perguntam: “e como é que se ensinam estas coisas?” Surgem então reflexões sobre o que realmente nós, adultos, temos para oferecer aos nossos filhos e alunos. A essência que cada um de nós possui para dar aos demais faz parte de um acervo muito particular. Quantos de nós conhecemos pessoas que são verdadeiros exemplos de bondade, de lealdade, de honradez? Ao estarmos com essas pessoas, sentimos um bem-estar imenso. Chegamos a querer ficar bem perto, na esperança de agregarmos aquele tesouro interno a nós mesmos.

Tenho comprovado, nas minhas andanças pela escola e pela educação, que não há como dar o que não se tem. É quase matemático. E como é que os pais, os educadores, os responsáveis pela educação da infância e da juventude, poderão ensinar valores, ética, princípios e saberes se, também eles, os possuem de forma escassa ou não têm consciência da sua existência?

Não vejo outra saída: aprender para ensinar. Sair de um estado letárgico, moroso, morno, para um estado de ações efetivas. Ações pautadas em conceitos verdadeiros do que é a vida, do que é um ser humano, do que é uma família, o trabalho, a amizade, o homem, a mulher... Enfim, é preciso oferecer muitas oportunidades para pensar sobre tudo o que existe.

Li, certa vez, numa conferência de González Pecotche, intitulada Princípios éticos de convivência humana, a seguinte afirmativa: “Acontece com frequência que tanto o homem quanto a mu­lher esquecem sua colocação no seio do mundo, da humanida­de, de seu povo ou de sua família; esquecem que a vida encer­ra, que deve encerrar outro significado muito maior do que aque­le enganoso que oferece quando se desenvolve dentro do cor­rente e vulgar. Quando isto se começa a compreender, a vida, pouco a pouco, se transforma, busca outros atrativos e as lu­tas, amargas e difíceis, são suportadas com mais valor, mais ener­gia e mais esperança."

E como é que nós, os adultos, podemos aprender essas coisas? À medida que nos sentimos incomodados com o que nos rodeia, a saída está em buscarmos a mudança. Se não estamos de acordo com a falta de amor, de seriedade, de gratidão, do respeito que tem deixado de circular no mundo, podemos dar início a algo muito grande. A mente de uma criança é campo livre, fértil e forte, em que podemos plantar muitas sementes de bem. Essa contribuição podemos dar: zelar pelo que as crianças ouvem, veem e por aquilo de que elas participam. Muitos pais acham que criança não percebe nem entende as coisas que ocorrem ao seu redor. Uma forma de ajudar é sermos mais exigentes com o que tem sido oferecido pela sociedade, protegendo de fato estes tesouros chamados crianças.

Outra solução é nos acostumarmos a pensar em tudo e, se possível, buscar soluções para as coisas mais próximas de nós. Precisamos nos adestrar em fazer muitas perguntas; só assim a razão e a faculdade de pensar, de fato, podem nos auxiliar. Mas as perguntas que fizermos terão que ser bem elaboradas. Muitas vezes gastamos tempo demais, recursos demais, pensando em macrossoluções. Problemas, a humanidade sempre os teve. O que tem faltado são as soluções. E problemas são resolvidos por partes, aos poucos, como aprendi certa vez com um grande educador.

Um conhecimento que tem me servido demais é o que aponta para um caminho aparentemente óbvio demais: eliminar erros realizando acertos. Que maravilha é poder saber que se eu errei posso consertar, posso me redimir fazendo muitas coisas corretas. Quantos estímulos sinto quando experimento muitos acertos e, se por motivos variados não consigo êxito nos meus propósitos, posso recomeçar, pensando no processo e eliminando as etapas que entorpeceram o caminho.

Melhores pais, melhores filhos: que mágica há por trás disso?

Para que ser melhor pai, melhor mãe, melhor ser humano e educar uma nova geração de forma diferente e ampla? Respondo com uma afirmativa da Logosofia: “Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa será o prêmio mais grandioso a que se possa aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor”.

Não há como ficarmos parados. É urgente a necessidade de que nós, pais e professores, e de todos aqueles que sentem como também sua a missão de educar, busquemos a capacitação e o aprendizado para podermos ajudar a infância e a juventude. Quem sabe eles, em melhores condições, possam fazer deste mundo um lugar mais feliz?

Melhores pais, melhores filhos: este é um dos objetivos do Curso para Pais que o Colégio Logosófico tem oferecido à comunidade. O curso é gratuito e é realizado uma vez por mês, no próprio Colégio.

Inscrições pelo site www.colegiologosofico.com.br ou pelo telefone (31) 3273-1717.